20 de agosto de 2009

Duelo

«Faz parte da adolescência o duelo com os pais que é conhecido como conflito de gerações. De repente, os pais deixam de ser heróis, deixam de ser elogiados como os melhores ou os mais "fixes", deixam de saber tudo. De repente, passam a ser adultos de quem se quer distância, com quem se passa cada vez menos tempo, com quem se têm embates diários em busca de uma nova identidade individual e social.

Para um adolescente, torna-se complicado partilhar espaços e actividades com os outros progenitores e outros adultos. Dificilmente, aceita as suas ideias, as suas propostas, mas isso não impede que se sinta incompreendido.

O adolescente procura criar o seu próprio espaço, tem as suas próprias ideias, pensa que sabe tudo, desenvolve outras relações, outros interesses. Tudo muda: do corpo aos afectos, passando pelos gostos. É uma vida em construção. Uma etapa que todos os pais receiam. Mas que passa. Com mais ou menos turbulência, mas passa!»

19 de agosto de 2009

Crescer...a revolução da adolescência

alvesrenato.files.wordpress

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Não há crescimento sem mudança. E a primeira das grandes mudanças acontece com a puberdade, o momento em que, biologicamente, se evidenciam as diferenças de género: a criança vai desaparecendo para dar lugar a um homem ou a uma mulher. Este corte com a infância é reforçado pelo emergir de uma nova forma de ver a vida e de estar na vida: a adolescência, etapa que marca, psicológica e socialmente, a transição para a idade adulta.

São anos conturbados os da puberdade e adolescência. As mudanças são, a qualquer dos níveis em que ocorrem, perturbadoras. Desde logo, porque o corpo está a mudar, gerando sentimentos contraditórios. Pode acontecer que o adolescente se sinta bem com os novos contornos, mas pode igualmente sentir-se desconfortável, não se reconhecendo na figura que o "olha" do espelho. Não admira que assim seja.

A "culpa" é das hormonas. O corpo das raparigas ganha peso e altura, as ancas alargam-se e arredondam-se, os seios desenvolvem-se e começam a crescer os pêlos púbicos, a pele fica mais oleosa e as glândulas sudoríparas tornam-se mais activas.

Até que acontece a primeira menstruação - a menarca, que oficialmente marca o início da puberdade e, com ela, da capacidade reprodutiva.

Também os rapazes ficam mais altos e mais fortes. Os ombros e o peito alargam-se, os músculos desenvolvem-se, o pénis e os testículos crescem, começando a produzir esperma, e surgem os pêlos púbicos.

À medida que o tempo passa, a voz vai ficando mais grossa, ainda que, de vez em quando, se libertem sons agudos, muito distintivos. No peito, podem irromper alguns pêlos e os dos braços e pernas ficam mais fortes.

As glândulas sudoríparas entram em acção. E as primeiras ejaculações (os chamados sonhos molhados) surpreendem na noite.

Perante tantas mudanças, é natural que o adolescente se questione. O tempo é de descobertas e expectativas, de dúvidas e angústias. É que com a feminilidade e a masculinidade fisiológica, raparigas e rapazes vão tomando consciência de si próprios como seres sexuais e sexuados. Despertam, pois, para a sexualidade. E para sensações como o desejo e o prazer.

As emoções são então vividas com intensidade única. E as primeiras paixões, os primeiros amores arrebatadores e eternos, lançando os adolescentes numa montanha russa de oportunidades e riscos.

Emerge uma grande vontade de amar e ser amado, de ser respeitado, de fazer boa figura perante os pares. Procuram-se os caminhos para satisfazer essa vontade, mas o percurso é cheio de pressões e influências, gerando dúvidas e receios. Quando dar o passo? O "passo" é o da primeira experiência sexual, uma aventura que pode ser fantástica mas que deve ser motivada por opiniões amadurecidas, reflectidas, não empurrada pelo exemplo de outros.

O que importa é fazer escolhas saudáveis. Com liberdade para pensar, ouvir e decidir, para mudar de opinião, para dizer sim e para dizer não.

Pode ser difícil, mas é necessário, porque os rumos tomados na adolescência podem ter reflexos por toda a vida futura.

A sexualidade é natural, mas implica responsabilidade. É fonte de prazer, mas também uma porta aberta para riscos: como o de uma doença sexualmente transmissível ou o de uma gravidez não desejada. É que não acontece só aos outros...

O amor não basta: é preciso conhecer o próprio corpo, saber como funciona; é preciso esclarecer dúvidas e obter informação junto de fontes credíveis
(as consultas para adolescentes, as linhas telefónicas de apoio, o médico ou o farmacêutico); é preciso evitar os riscos.

Trata-se de tomar decisões. Escutar os próprios sentimentos e desejos, respeitar e ser respeitado. Resistindo a pressões ou a chantagens emocionais, sem se deixar encurralar num beco sem saída. Dizendo não se, somados todos os prós e contras, sobrarem dúvidas. Ou dizendo sim se tiver chegado o momento.

Ser adolescente é conquistar a autonomia, mas não a todo o preço. É fazer escolhas informadas, saudáveis e livres

18 de agosto de 2009

Conflito de papéis

«O papel dos avós é imprescindível, mas não é fácil. Sobretudo numa época, como a actual, em que os pais dependem deles para muitas tarefas do quotidiano - ir buscar os filhos à escola, ficar com eles quando têm de trabalhar até mais tarde, ocupar-se deles nas férias quando os colégios fecham... Os avós actuais ainda têm muitas responsabilidades que vão para além do afecto. Confundem-se com as responsabilidades da parentalidade e este é um terreno fértil para conflitos.

Há que ter em conta que os avós nunca deixam de ser pais: para eles, os filhos são sempre crianças mesmo quando já são adultos e têm os seus próprios filhos. Há uma certa dificuldade em perceber que o centro da autoridade mudou e, em paralelo, a tentação de manter essa mesma autoridade. É natural que os avós se sintam confusos quanto ao que deles se espera. E que resistam a dar um passo atrás e deixar os filhos tomar as decisões, para eles próprios e para as suas crianças.

Mas a verdade é que, apesar do envolvimento na vida dos netos, os avós não são os educadores. E precisam de respeitar os seus filhos nesse novo papel. Não interferindo, mesmo quando não concordam, e sobretudo não os desautorizando. O que implica uma grande maturidade e flexibilidade de ambas as partes. Também dos filhos. Para saberem ouvir a experiência e compreender o dilema dos pais.

É claro que as crianças percebem que há um conflito entre as duas gerações que lhes estão acima. E tiram o máximo partido. Inconscientemente, até o estimulam. Por exemplo, quando reagem a um "não" dos pais com um "mas a avó deixa...". O que as crianças têm de aprender é que pais e avós cumprem papéis diferentes, complementares. E que os espaços que partilham com uns e com outros têm regras específicas que não podem ser transferidas.

O importante é que avós e netos possam conviver. Todos ficam a ganhar com a partilha de afectos e vivências. Sobretudo agora, no tempo em que, graças ao aumento da esperança de vida, temos uma geração de netos com o privilégio de conhecer os quatro avós.»

17 de agosto de 2009

Os avós ...

«Os avós funcionam como uma ponte com o passado, integrando a história das diferentes gerações. Uma ponte, também, entre pais e filhos, transposta com o revelar de episódios de quando os pais eram crianças. Conhecer estas histórias torna as crianças mais próximas dos pais, mostra-lhes um lado desconhecido daqueles que, no dia-a-dia, exercem o difícil papel da autoridade. Este é, aliás, um exercício que os próprios pais podem praticar, na certeza que criarão momentos de grande intimidade com os filhos. Esta partilha do passado ajuda a perceber que existe um lugar para todos na pirâmide genealógica.

Para as crianças, os avós são fonte de carinho inesgotável. São eles que proporcionam todos os extras que não chegam dos pais, apanhados quase sempre no furacão dos afazeres profissionais, que pouco tempo deixam para ouvir os mais pequenos. E eles precisam de ser ouvidos. Porque o crescimento implica dúvidas, angústias e receios, pequenos conflitos internos e externos que, apesar de naturais, são perturbadores. Captar os sinais pode ser difícil, mas a disponibilidade dos avós - se forem próximos - é uma garantia de atenção e conforto.

Com os avós, não se geram os conflitos que opõem pais e filhos. Raramente os avós são disciplinadores, raramente são eles a impor limites e barreiras, raramente são eles a pedir contas de atitudes e comportamentos. Esse é o papel dos pais e são os pais a ser desafiados pelos filhos, sobretudo na conturbada idade da adolescência.

É certo que nesta idade os avós vão perdendo o interesse, notando-se algum distanciamento. Mas, com frequência, continuam a ser o refúgio para onde os adolescentes escapam quando a tensão em casa aumenta. Ali sabem que encontram sempre mimo.»

A importância dos avós


«Longe vão os tempos das famílias alargadas, em que as sucessivas gerações coexistiam, partilhando o quotidiano e assumindo em conjunto a tarefa de cuidar e educar as crianças. As famílias hoje são mais pequenas, muitas delas monoparentais. Os avós, esses, também mudaram. Mantêm até mais tarde uma vida activa, mesmo quando já se retiraram da vida profissional. Assim é particularmente nos meios urbanos.

Longe vão também os tempos em que os avós eram aqueles velhinhos amorosos que, pacientemente, contavam histórias aos netos. Hoje os avós são solicitados para outras tarefas, comprometendo-se de forma bem diferente com a vida dos netos. Por imposição da evolução social. As mentalidades abriram-se e as mulheres emanciparam-se, integrando-se no mercado de trabalho. E os avós desempenham, cada vez mais, o papel de cuidadores, preenchendo os tempos e as tarefas de que os pais estão ausentes.

Contudo, não há mudança que interfira com a mais-valia dos avós. Entre eles e os netos geram-se laços fortes que beneficiam ambas as gerações. Para os mais velhos, os netos representam o triunfo da vida, são símbolo do prolongamento da sua própria vida. E é este sentimento que alimenta o amor incondicional que sentem pelos netos e que, aliás, caracteriza esta relação tão especial. Este amor traduz-se numa atitude de pura sedução que torna os avós tão atractivos para as crianças.

Ocupam um lugar único, que nenhum outro membro da família consegue disputar. É um lugar que reflecte a disponibilidade de estar e de escutar, de partilhar histórias e brincadeiras. Os avós desempenham ainda um papel essencial na descoberta da diferença. Desde logo a diferença de idades. E se viverem bem com a idade que têm, transmitem uma ideia positiva do envelhecimento, ajudando os mais pequenos a respeitar os idosos.»

O álcool e a saúde pública


«O alcoolismo é a toxicodependência mais frequente entre os portugueses. O consumo de bebidas alcoólicas faz parte do nosso modo de vida actual (...) Os jovens portugueses começam, em média, a beber aos 13 anos, o que potencia o risco de dependência para toda a vida. A saúde pública é seriamente afectada pelos hábitos de consumo de álcool, a começar pelos jovens: um em quatro mortos (entre os 15 e os 29 anos) e uma morte em cada dez (na mesma faixa etária) são devidas ao abuso do álcool, associados ou não a acidentes rodoviários, homicídios, actos de violência.

(...)os padrões nocivos e perigosos do consumo de álcool são uma determinante de saúde fundamental e uma das principais causas de morte prematura e doenças evitáveis, sendo igualmente responsáveis por mais de 7% de todos os problemas de saúde e morte precoce na União Europeia.

Em muitos meios de opinião apoia-se inclusivamente que se devem adoptar medidas mais severas para evitar o consumo de álcool entre os jovens: proibindo a venda de bebidas alcoólicas com menos de 18 anos, a publicidade e todas as formas de patrocínio das indústrias do álcool a eventos destinados a jovens, aumentando a idade de admissão dos jovens em recintos onde se vendem bebidas alcoólicas, entre outras.

É curioso verificar como todos os livros que abordam a problemática das doenças e os grandes desafios para a saúde pública não deixam de destacar o alcoolismo associando a toxicomania, aos múltiplos problemas de ordem médico-legal, económica e social, as suas consequências tóxicas, os pesos dos tratamentos de desintoxicação.

Pensava-se no século XIX que o álcool levava as famílias ao inferno. Hoje continua a levar ao inferno mas não são só os jovens que sofrem as consequências dos pais alcoólicos, eles próprios enveredam por hábitos de consumo que lhes destroem a esperança e os sonhos

Mário Beja Santos

O que todos os jovens devem saber sobre o álcool...


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Portugal é o oitavo consumidor de álcool, em termos globais, e o quarto consumidor mundial de vinho; todos os estudos apontam para o dado de que o consumo de álcool por adolescentes portugueses aumentou significativamente nos últimos anos (...)

Os jovens sentem-se atraídos pelo binge drinking (consumo de grandes quantidades de álcool num curto espaço de tempo), pela cerveja e por certas bebidas brancas. O álcool em excesso não provoca só doença. Não é por acaso que não se deve beber antes dos 18 anos: o cérebro continua em formação até à idade adulta, o organismo não está adaptado a metabolizar o álcool, as consequências do consumo precoce afectam o estudo, o relacionamento com os outros, e pode levar à dependência física e psíquica.
(...)
Quanto mais cedo se começa o consumo excessivo maiores são os riscos para a saúde e para toda a vida. Referem alguns investigadores que os jovens são um grupo de bebedores muito vulneráveis porque procuram refúgio na bebida para esquecer problemas de integração (...)»

Mário Beja Santos

6 de agosto de 2009

Saúde

Salvador Dalí

Na apresentação deste blog fomos de sala em sala, e perguntámos o que significava, para cada um, ser saudável. Surgiram respostas variadas porque pedia-se que usassem as letras:
- S - A - U - D - A - V - E - L. Eis alguns dos resultados:

- Saúde; segurança; solidariedade; ...
- Amor; alegria; afectos; ...
- Água; sexualidade; ...
- Direitos; desporto; ...
- Ambiente; criatividade; coragem...
- Vida; Velocidade; Verdade; Vitaminas; ...
- Emoção; expressão; elegância; espiritualidade; ...
- Liberdade; luta ...

Qualquer área da nossa vida, pode ter significados diversos, porque cada um tem a sua própria perspectiva. A saúde que é muito mais que não estar doente, tem a ver com todas as vertentes da nossa vida: a biológica, fisiológica, a psicológica, a emocional, a social, ... entre tantas outras.

A saúde tem a ver, também, com conhecer-nos e estarmos dispostos a descobrir-nos, informar-nos e procurar saber mais acerca de nós e do que nos rodeia, por vezes, precisamos de confiar para procurar respostas. Ficar numa conchinha à espera que as coisas se resolvam, por magia, ou por sorte, não é solução. Temos de cuidar de nós e encher-nos de coragem para encontrar um equilíbrio.

Se, em qualquer das vertentes, nos sentimos menos à vontade, menos confiantes, as outras acabam por ser afectadas. São todas importantes e todas podem adoecer. Por exemplo: uma gripe é uma doença do corpo, estar triste é um estado emocional que nos retira força e ânimo, são só exemplos para demonstrar que tudo em nós está interligado. Dar pouca importância ou tentar não pensar nas nossas emoções/afectos poderá levar-nos a adoecer com maior ou menor gravidade.