19 de agosto de 2009

Crescer...a revolução da adolescência

alvesrenato.files.wordpress

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Não há crescimento sem mudança. E a primeira das grandes mudanças acontece com a puberdade, o momento em que, biologicamente, se evidenciam as diferenças de género: a criança vai desaparecendo para dar lugar a um homem ou a uma mulher. Este corte com a infância é reforçado pelo emergir de uma nova forma de ver a vida e de estar na vida: a adolescência, etapa que marca, psicológica e socialmente, a transição para a idade adulta.

São anos conturbados os da puberdade e adolescência. As mudanças são, a qualquer dos níveis em que ocorrem, perturbadoras. Desde logo, porque o corpo está a mudar, gerando sentimentos contraditórios. Pode acontecer que o adolescente se sinta bem com os novos contornos, mas pode igualmente sentir-se desconfortável, não se reconhecendo na figura que o "olha" do espelho. Não admira que assim seja.

A "culpa" é das hormonas. O corpo das raparigas ganha peso e altura, as ancas alargam-se e arredondam-se, os seios desenvolvem-se e começam a crescer os pêlos púbicos, a pele fica mais oleosa e as glândulas sudoríparas tornam-se mais activas.

Até que acontece a primeira menstruação - a menarca, que oficialmente marca o início da puberdade e, com ela, da capacidade reprodutiva.

Também os rapazes ficam mais altos e mais fortes. Os ombros e o peito alargam-se, os músculos desenvolvem-se, o pénis e os testículos crescem, começando a produzir esperma, e surgem os pêlos púbicos.

À medida que o tempo passa, a voz vai ficando mais grossa, ainda que, de vez em quando, se libertem sons agudos, muito distintivos. No peito, podem irromper alguns pêlos e os dos braços e pernas ficam mais fortes.

As glândulas sudoríparas entram em acção. E as primeiras ejaculações (os chamados sonhos molhados) surpreendem na noite.

Perante tantas mudanças, é natural que o adolescente se questione. O tempo é de descobertas e expectativas, de dúvidas e angústias. É que com a feminilidade e a masculinidade fisiológica, raparigas e rapazes vão tomando consciência de si próprios como seres sexuais e sexuados. Despertam, pois, para a sexualidade. E para sensações como o desejo e o prazer.

As emoções são então vividas com intensidade única. E as primeiras paixões, os primeiros amores arrebatadores e eternos, lançando os adolescentes numa montanha russa de oportunidades e riscos.

Emerge uma grande vontade de amar e ser amado, de ser respeitado, de fazer boa figura perante os pares. Procuram-se os caminhos para satisfazer essa vontade, mas o percurso é cheio de pressões e influências, gerando dúvidas e receios. Quando dar o passo? O "passo" é o da primeira experiência sexual, uma aventura que pode ser fantástica mas que deve ser motivada por opiniões amadurecidas, reflectidas, não empurrada pelo exemplo de outros.

O que importa é fazer escolhas saudáveis. Com liberdade para pensar, ouvir e decidir, para mudar de opinião, para dizer sim e para dizer não.

Pode ser difícil, mas é necessário, porque os rumos tomados na adolescência podem ter reflexos por toda a vida futura.

A sexualidade é natural, mas implica responsabilidade. É fonte de prazer, mas também uma porta aberta para riscos: como o de uma doença sexualmente transmissível ou o de uma gravidez não desejada. É que não acontece só aos outros...

O amor não basta: é preciso conhecer o próprio corpo, saber como funciona; é preciso esclarecer dúvidas e obter informação junto de fontes credíveis
(as consultas para adolescentes, as linhas telefónicas de apoio, o médico ou o farmacêutico); é preciso evitar os riscos.

Trata-se de tomar decisões. Escutar os próprios sentimentos e desejos, respeitar e ser respeitado. Resistindo a pressões ou a chantagens emocionais, sem se deixar encurralar num beco sem saída. Dizendo não se, somados todos os prós e contras, sobrarem dúvidas. Ou dizendo sim se tiver chegado o momento.

Ser adolescente é conquistar a autonomia, mas não a todo o preço. É fazer escolhas informadas, saudáveis e livres

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