17 de fevereiro de 2009

A família


“Os bebés não têm linguagem verbal, mas, na maior parte das vezes, comunicam com êxito as suas necessidades aos pais. (…) Os pais aprendem a distinguir os diferentes choros do bebé, a observar os detalhes do estado do seu corpo e a interpretá-los através da relação entre o que observam e o impacto emocional que o comportamento do bebé lhes provoca. (...)

Este reencontro de uma geração com todo o processo de crescer é um aspecto essencial da vida da família. Os tempos difíceis, inevitáveis na vida de qualquer criança, podem ser ocasionados por acontecimentos vulgares, tais como o nascimento de irmãos, a perda de avós, ir para a creche e depois para a escola, os problemas surgidos no grupo de pares (amigos) e, mais tarde, o impacto da puberdade e da adolescência.

Algumas crianças irão enfrentar situações mais difíceis e terão de lidar com conflitos ou rupturas familiares, doença, incapacidade ou tratamento cruel ou negligente. Sejam quais forem as características externas da vida de uma criança, o significado que ela vai dar às coisas será moldado pelo seu mundo interior. Dentro deste mundo, a sua ligação de segurança às figuras parentais (pai/mãe ou outras pessoas que assumam a "função" de ser pai/mãe daquela criança/jovem) será uma fonte imensa da capacidade de enfrentar e ultrapassar as dificuldades, quer elas surjam devido a pressões externas, quer a aspectos problemáticos da sua própria constituição. (...)

As crianças necessitam fundamentalmente da parte dos pais não só de cuidados e calor afectivo estável, mas também de interesse e reflexão. (...) É muito exigente a tarefa de equilibrar o afecto, o apoio e o encorajamento e de facultar oportunidades de desenvolvimento criativo, com a necessidade de estabelecer limites e zelar pelo desenvolvimento moral, emocional e intelectual da criança.

O equilíbrio entre a disciplina e a compreensão é difícil de manter. O que pode ajudar é consciencializarmo-nos de que, a não ser que a criança sinta que os adultos de que depende compreendem de facto a sua realidade emocional, ela não se sentirá em segurança. (...) Acreditar na capacidade dos pais para partilharem o enfrentar das dificuldades constitui o maior recurso da criança."

Margaret Rustin,
coordenadora da área de psicoterapia infantil

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